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Visões de histórias de Picos: conhece a escada do Mestre Abraão e o homem que lhe deu nome? Confira!

O Boletim do Sertão fará publicações sobre diversos pontos da cidade de Picos, bem como um pouco da história de cada um. Abordaremos desde os locais mais conhecidos até aqueles menos vistos, mas igualmente importantes, e optamos por começar pela escada do Mestre Abraão, que liga a Rua 3 de Maio ao Morro da Aerolândia.

A subida da Escada do Mestre Abraão, bem como das inúmeras existentes nas encostas dos morros da cidade exaure qualquer um, mesmo os mais preparados fisicamente. Como o centro de Picos é espremido entre o Rio Guaribas e os morros, descrição do memorialista Renato Duarte no seu onipresente livro: “Verdes cinquenta anos de Picos”, as escadas se tornaram um acesso imprescindível para as pessoas que vivem nesses locais.

Mas, voltando a escada tema desta reportagem, ela é a principal via de acesso para dezenas de pessoas que moram nas encostas. Estivemos por lá e procuramos falar com alguns desses picoenses, que, sem fôlego, preferiram não se manifestar. A subida dos degraus da escada do Mestre Abraão, contudo, mesmo que apenas algumas vezes esporádicas, nos faz imaginar a dificuldade de encará-la todos os dias.

Ao chegar no ponto mais alto, podemos contemplar uma visão de Picos bastante ampla, revelando desde a imponente Igreja de Nossa Senhora dos Remédios até as áreas mais distantes e inabitadas.

Mestre Abraão

E por que Mestre Abraão, quem foi essa pessoa? Para nos informar procuramos alguém que conhece muito da história local, a professora Oneide Rocha, um arquivo vivo. “Aquela escada foi construída na gestão de Dr. Oscar Eulálio (1966-1969) […] Inclusive Guanamby Sonial, depois Sonial Moura, fez uma música dizendo ‘Adeus Escada do Morro’ e tem esse nome porque o senhor Abraão Conrado morava naquela casa, naquele edifício vizinho a escada”, explicou.

Segundo Oneide Rocha o Mestre Abraão trabalhava com construções de residências. Nas cheias do Rio Guaribas da década de 1960, cujas imagens ficaram eternizadas pelo fotógrafo Cristino Varão, o senhor Abraão perdeu mais de 100 casas, que ficavam nas proximidades da 1° Igreja Batista de Picos, na Rua Monsenhor Hipólito. “Tinha a Vila Maria e a Vila Dina, elas já eram lá na Rua São Sebastião”, informou Oneide.

Ao sofrer o prejuízo, o Mestre Abraão deixou Picos e foi morar em Goiânia – GO, regressando posteriormente a sua cidade natal. Foi então que ele começou a lotear o bairro Aerolândia, onde existiam pouquíssimas residências. Foi a partir da administração do ex-prefeito de Picos, Abel de Barros Araújo (1983-1988/1993-1996), e depois na gestão do ex-prefeito José Neri de Sousa (1989-1992/1997-2004) que as moradias começaram a ser construídas nas encostas dos morros e se intensificaram. “E tem esse nome porque o Mestre Abraão morava no fim da escada, na Aerolândia”, relatou a professora.

O senhor Abraão teve seis filhos, deixando vasta descendência. Conversamos também com alguns dos seus sobrinhos. Através da professora Carminha Bezerra e do seu irmão Carmélio Bezerra, soubemos que o Mestre Abraão nasceu em 1911 e faleceu em 1997, quando tinha 86 anos de idade. “O nome de Mestre Abraão se deu em função das suas atividades na área de construção civil, ele começou como pedreiro”, explicou o sobrinho.

Sobre a personalidade do Mestre Abraão, Carmélio Bezerra relata: “um grande cidadão, enérgico, mais respeitador das leis, é só observar o quanto ele contribuiu para o crescimento da nossa cidade”, comentou.

De forma que o nome Mestre Abraão ficou eternizado na memória da população de Picos e região. Se as gerações mais jovens não conheciam, essa foi a oportunidade de falar um pouco sobre o homem e a escada cujo nome ele cedeu. É claro, esse relato foi muito breve, ainda há muito o que ser falado sobre o Mestre Abraão e tantos outros nomes conhecidos da nossa história bem como as visões da cidade. Daremos sequência a isso.