Por: Maria Hilda/Acadêmica de Jornalismo pela R.Sá
Piadas, comentários ofensivos, preconceito, são alguns exemplos do que as pessoas negras passam todos os dias no nosso país. Segundo dados do site “Brasil de Direitos”: pretos e pardos representam 56% da população. Mesmo assim, são minoria nos espaços de decisão, ocupam pouco mais de 29% dos cargos de gerência nas empresas brasileiras. Os movimentos sociais lutam para corrigir essa disparidade. Na cidade de Picos temos o exemplo do Grupo Cultural Adimó, que promove debates e várias atividades com jovens com a finalidade de conscientizar as pessoas e reduzir o preconceito.
O militante e coordenador do Grupo Adimó, Francisco das Chagas Pereira, o Mano Chagas, fala da dificuldade em combater o racismo na cidade de Picos. “Aqui em Picos o racismo está nos formulários de preenchimento, ele está no critério de boa aparência, aqui a gente tem acompanhado nos diversos casos de racismo, mas nunca deu em nada por que de última hora a pessoa diz que agiu na emoção e que não é racismo e passa a ser injúria e aquelas coisas que terminam não dando penalidade”, relatou.
A advogada Joicyara Bernardes, especialista em Direito Penal e Processo Penal, explica como poderia haver uma desconstrução do racismo estrutural. “O grande caminho é a educação, mas a educação descontruída. Quando nós pegamos nossos livros de história e contamos a verdade, que o Brasil não foi descoberto, foi colonizado e o que é colonização? subalternização de um povo, é o esquecimento de uma cultura, é a criminalização dessa cultura também”, explicou.
A advogada falou como se dá o racismo aqui no município. “Aqui na cidade de Picos ainda temos aquele racismo velado, que passa despercebido e principalmente o racismo recreativo que são aquelas piadinhas. Existe mecanismo de punição, contudo ninguém nunca foi punido por crime de racismo”, explica.
Ela relata a importância da sociedade organizada no combate ao preconceito. “Os movimentos sociais na cidade de Picos desempenham um apoio, uma ajuda pra dizer qual o caminho a ser seguido, onde tem que ir pra ser feito a denunciação. Por que falta um conselho de igualdade racial, falta ainda uma delegacia especializada, falta ainda as entidades pra levantar essa pauta dento das instituições”, completa
Rafael José da Silva Santos atua como membro do movimento Negro Organizado desde 2003, é contramestre de capoeira e ministra palestras na área de educação para diversidade étnico-racial. Ela falou um pouco sobre o que o levou a entrar nos movimentos sociais.
“Começou com uma descoberta pessoal, através da capoeira que é uma das culturas de resistência do negro no Brasil, atuando em projetos sociais, sempre trabalhando essa questão da autoestima do povo negro, da cultura negra, das manifestações culturais do povo negro. Depois veio o engajamento político através do Negro Organizado, fiz meus trabalhos de conclusão de cursos relacionado a história do povo negro, e atualmente compondo esse coletivo de negros, buscando políticas públicas, valores da população negra, buscando trabalhar todos os segmentos educacional, social, segurança e de saúde”, explana.
Além de Rafael, Mano chagas e a Advogada Joicyara, que lutam diariamente contra o crime do racismo, existem mais pessoas engajadas na luta por direitos iguais. A causa é nobre, envolve muitos desafios, seja o preconceito através de palavras ou de formas mais veladas. E só uma desconstrução dessa cultura do racismo poderá mudar a sociedade, não é a cor que define o caráter e sim suas atitudes.