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Profissionais de enfermagem do Hospital Regional de Picos não recebem salário desde janeiro

Jailson Dias

Nossa equipe tomou conhecimento de que profissionais do Hospital Regional Justino Luz de Picos (HRJL) estão com os salários atrasados desde o mês de janeiro, quando foram pagos pela última vez. Buscamos então informações sobre essa denúncia. Após conversar com algumas pessoas que trabalham na instituição e preferiram não se manifestar, fomos encaminhados a presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Piauí (Coren-PI), Tatiana Maria Melo Guimarães, que confirmou o problema.

Ainda na segunda-feira (20) o conselho emitiu uma nota de repúdio sobre o atraso nos pagamentos dos salários dos profissionais de enfermagem contratados/terceirizados do Piauí. Na nota o Coren-PI solicitou que os vencimentos sejam colocados em dia.

Em entrevista ao Boletim do Sertão, a presidente Tatiana Melo explicou que não é possível informar o número preciso de servidores que estão sem receber os seus vencimentos em Picos e no Piauí, pois existem três formas de contratação: por concurso público, através de teste seletivo e o chamado contrato precário.

“No contrato precário ele é chamado direto pela direção, e esses profissionais nem contracheque tem, eles pagam uma nota e eu descobri agora que no Justino Luz pagaram há 15 dias e não receberam, porque geralmente quando pagam essa nota, dois ou três dias depois o dinheiro cai na conta desses profissionais, mas eles pagaram e ainda hoje estão esperando”, comentou.

Presidente do Coren-PI, Tatiane Melo. Foto: arquivo do entrevistado

Tatiana Melo citou a dificuldade dos profissionais terceirizados, que também não recebem desde janeiro, tanto em Teresina quanto nos hospitais do interior. Com isso, durante essa crise provocada pela pandemia do coronavírus, muitos profissionais ficam impedidos de se deslocar para o trabalho por falta de dinheiro para pagar o transporte.

“O ideal é que estivessem com o salários em dia, muitos estão deixando de dar o plantão porque não tem dinheiro para pagar o transporte”, denunciou a presidente.

Na última fiscalização realizada na Maternidade Dona Evangelina Rosa, em Teresina, a presidente do Coren-PI disse que foi abordada por uma profissional da enfermagem que lhe pediu uma cesta básica. “Isso é uma falta de humanidade do governo que faz isso com as pessoas que estão colocando a sua vida em risco, em alto grau de contaminação, e não tem os seus direitos preservados”, lamentou.

O atraso no pagamento dos salários, embora se verifique por todo o Piauí, é em escala diferente, dependendo do hospital. Tatiana cita que o Hospital Regional de Oeiras está em dia, porque a direção remunera com a “produtividade SUS”, de acordo com o valor recebido. Os profissionais dos hospitais de Floriano e Piripiri já receberam o mês de fevereiro, segundo Tatiana.

Atualmente apenas 20% dos enfermeiros que trabalham nos hospitais do Piauí são concursados. “O Ministério Público (MPPI) vem batendo nisso para ter concurso; o último foi em 2011, vamos fazer dez anos sem certame público e muitos vão se aposentando e passando em outros concursos”, comentou Tatiana.

Nossa equipe entrou em contato com a assessoria do Hospital Regional Justino Luz para caso desejem se pronunciar sobre o assunto. O espaço permanece aberto.