O Governo do Piauí, através da Secretaria Estadual de Educação (SEDUC), lançou no início de abril o “Canal Educação”, que tem por objetivo oferecer as aulas para os estudantes da rede estadual através da Internet, enquanto durar a pandemia do coronavírus. Contudo, não se considerou a particularidade dos alunos e muitos não tem conseguido ter acesso ao conteúdo ofertado na plataforma, sofrendo grande prejuízo nesse ano letivo.
Esse é o caso de Carlos André Vitor Moura, 17 anos, aluno do Centro Estadual de Educação Profissional Petrônio Portela. Residente no povoado Valparaíso, em Picos, ele relata as dificuldades enfrentadas nos últimos dias, uma vez que não dispõe de conexão de internet em casa. “Tenho que procurar em algum lugar, agora consegui de um vizinho que mora um pouco longe, se chover, fica caindo”, declarou.
Além das dificuldades para acessar a internet, Carlos André relata os problemas da plataforma disponibilizada pelo governo. “Nem todas as pessoas conseguem entrar, no meu grupo da escola tem aluno que não conseguiu entrar na plataforma nem no aplicativo que eles disponibilizaram, então está muito complicado e não tenho condições de colocar internet em casa e comprar um computador”, relatou.
Carlos André disse ter conhecimento que alunos de mais escolas estaduais da cidade estão passando pelo mesmo problema.
O estudante Luan, 19 anos, também aluno do Petrônio Portela, falou das dificuldades para ter acesso a plataforma da Seduc. Ele reside no Jardim Horizonte, nas imediações do bairro Belo Norte, e destacou que não há possibilidade de colocar internet na sua residência, destacando que a sua família vai se mudar.
“Está difícil acessar a plataforma e quando conseguimos é um tipo de aplicativo muito lento, se não estivermos acessando e olhando 24 horas não sabemos quando tem atividade, ainda bem que tenho amigos que me avisam”, explicou.
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Piauí – Regional de Picos (SINTE-PI), Giselle Dantas, declarou que o sistema adotado pelo Governo do Estado está deixando os alunos à margem, uma vez que não há possibilidade de aprendizado. “Não existem condições para que ocorra um ensino a distância dentro de um padrão mínimo de qualidade”, comentou.
Ela também falou sobre o risco que os estudantes têm corrido por ter de se deslocar para outras residências em busca de acesso a internet, principalmente nessa época de coronavírus, uma vez que muitos deles, como relatado nesta matéria, não tem essa conexão.