Por Cláudia Fernanda
No dia 15 de dezembro de 2024, Maria do Carmo Soares, 77 anos, conhecida por todos como Mãe Carminha D’Oxossi, “ancestralizou”, deixando-nos um legado inestimável. Sua vida foi um testemunho de fé, coragem e dedicação, marcando profundamente a história das religiões de matrizes africanas em Picos-PI e transformando a comunidade ao seu redor.
Mãe Carminha foi uma mãe de santo, uma líder comunitária, uma guardiã das tradições ancestrais e um símbolo de resistência cultural. Durante 33 anos, foi filha de santo de Mãe Lindarice de Ogum, recebendo em 2015 a missão de liderar sua comunidade, em um processo de transição geracional que reafirmou a continuidade do axé.
Sua trajetória de vida foi rica em experiências. Mãe Carminha foi costureira, feirante, professora, comerciante e vendedora, sempre trabalhando com dignidade e determinação. Porém, sua maior obra foi no campo espiritual e social, onde atuou contra a intolerância e o racismo religioso, combatendo a fome e as injustiças sociais com bravura.
Sua luta constante pela valorização da identidade cultural de sua comunidade fez dela uma figura revolucionária e inspiradora, cuja influência ecoará por muitas gerações.