Os governadores do Nordeste solicitaram à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) uma reanálise da importação da vacina Sputnik V. Os gestores apresentaram, na terça-feira (4), novos documentos e análises de cientistas brasileiros que defendem a segurança e eficácia do imunizante russo. Dentre os documentos enviados está um relatório do Instituto Gamaleya, entidade russa responsável pelo desenvolvimento da vacina, e uma manifestação técnica do Comitê Científico Nordeste.
O presidente do Consórcio Nordeste e governador do Piauí, Wellington Dias, e o governador do Pará, Helder Barbalho, participaram, também na terça (4), de reunião com o embaixador da Rússia, Alexey Labetskiy. No encontro, eles reafirmaram o interesse dos estados do Nordeste e do Norte na compra da Sputnik V.
“Da nossa parte, que fizemos essa iniciativa, reafirmamos a intenção de compra da vacina Sputnik V e estamos mantendo essa mesma posição de seguirmos buscando uma solução para que o Brasil, além de outras vacinas, possa também contar com a vacina russa para salvar vidas”, comenta Wellington Dias.
Wellington Dias lembra que o Brasil passa por um momento crítico. “No momento com mais de 400 mil mortes, ainda com nível de mortes diárias elevado, com risco de uma terceira onda, risco por conta da transmissibilidade muito alta, muita gente internada e a solução é vacina. Queremos mais vacinas para os brasileiros”.
Garantir imunização
Para Wellington Dias, o interesse é de garantir a imunização de milhões de brasileiros. “Essa é uma vacina disputada que o mundo inteiro quer utilizar, que mais de 60 países já utilizam, e nós não queremos abrir mão de ter essa vacina no lugar que mais precisa que é o Brasil”, reforça.
Já o governador do Pará, Helder Barbalho, destacou a atuação dos governadores como mediadores para que se encontre um caminho que permita à Anvisa autorizar o uso da Sputnik V.
“Ao tempo que a Anvisa faz os questionamentos, queremos construir esclarecimentos. O Fundo Soberano Russo e o Instituto Gamaleya já reafirmaram que não vão desistir de apresentar as informações e convencer a agência de que a vacina tem a eficácia e a transparência para que possa ser aprovada no Brasil “, afirma Helder Barbalho.
O governador do Pará acrescenta que “o Brasil precisa de vacina. Esse é o único caminho para que a gente possa virar a página dessa pandemia. Nós não podemos continuar a assistir brasileiros perdendo vidas todos os dias”.
Recusa de importação
Em meio à pressão de governadores para liberação e discussão sobre prazos que chegou à Justiça, a diretoria da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) negou, no dia 26 de abril de 2021, pedidos de aval à importação excepcional da vacina Sputnik V.
A decisão da Anvisa se refere a pedidos feitos por dez estados (Bahia, Acre, Rio Grande do Norte, Maranhão, Mato Grosso, Piauí, Ceará, Sergipe, Pernambuco, Rondônia). O total de doses não foi divulgado. Além deles, outros quatro estados também pleiteam aval semelhante na agência, mas entraram com pedidos mais tarde. A decisão atual, porém, indica que eles também devem ter entraves.
Segundo diretores e equipe técnica da Anvisa, a falta de dados mínimos e a identificação de pontos críticos entre aqueles apresentados –como falhas no desenvolvimento que trazem incertezas sobre a segurança da vacina– levaram à não aprovação.
Carlienne Carpaso (com informações do Governo do Piauí e Consórcio Nordeste)
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