Um levantamento divulgado recentemente pelo Colégio Notorial do Brasil apontou que número de divórcios consensuais no Piauí cresceu 122%, durante a quarentena decretada pela pandemia do novo coronavírus, entre os meses de maio e junho deste ano. O aumento coincide com a autorização nacional para que divórcios, inventários, partilhas, compra e venda, doação e procurações possam ser feitos de forma remota – ou seja, de forma mais rápida e sem a necessidade de deslocamentos entre as partes.
Em Teresina, parte da população concorda que os problemas que vieram juntos com a pandemia contribuíram para este resultado.
“Eu acho que é o estresse de cada um. Acho que por conta de não ter aquela convivência como antes e, agora, estarem praticamente 24h juntos, acabam vendo as suas reais diferenças”, disse um popular à O Dia TV, que preferiu não ser identificado.
“O que a gente pode observar é que as pessoas não perceberam o essencial da vida, que é o companheirismo, a solidariedade, a amizade e o estar junto”.
“Já eu acredito que é uma tentação. Eu morei 23 anos com meu esposo e nunca brigamos ou tivemos qualquer discussão. Absolutamente nada”, contou outra moradora.
Para a advogada Karla Oliveira, o isolamento social intenso em virtude da quarentena tem sobrecarregado física e emocionalmente as famílias brasileiras.
“O isolamento social trouxe maior convivência e, algo que estava obscuro e poderia ser postergado nas relações, deixou de ser postergado porque grande parte dessas pessoas começaram a trabalhar em home-office, dentro de casa. Portanto, situações que não eram conversadas provocaram conflitos. Por conta disso, a probabilidade de haver mais divórcios é muito maior”, disse.
Mudança na lei também contribuiu para os divórcios
Desde maio, o Provimento nº 100, editado pela Corregedoria Nacional de Justiça, disciplinou a realização de atos à distância pelos cartórios de notas de todo o país. Desta forma, atos de divórcios consensuais e que não envolvam menores passaram a ser resolvidos de forma mais prática e rápida, sem a necessidade de deslocamentos ou encontros entre as partes, ao mesmo tempo ou em momentos distintos, utilizando inclusive o aparelho celular.
“Além da pandemia, a medida facilitou a solicitação do divórcio virtual, casamento virtual, a convivência familiar na pandemia e ainda questões ligadas a testamentos, inventário e contratos de namoro, por exemplo”, completou a advogada.
Números
Ainda segundo o levantamento, os divórcios consensuais passaram de 4.471 em maio para 5.306 em junho de 2020.
Os dados mostram crescimento em 24 estados brasileiros, especialmente no Amazonas (133%), Piauí (122%), Pernambuco (80%), Maranhão (79%), Acre (71%) Rio de Janeiro (55%) e Bahia (50%). Apenas três unidades federativas não viram crescimento neste período: Amapá, Mato Grosso e Rondônia.
Fonte: portalodia.com
Jorge Machado