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Conheça a biografia do cabo Daniel Marcos. Texto redigido pela sua filha, médica Tamirys Coelho

Tamirys e o seu pai, cabo Daniel. Foto: arquivo da família

No próximo dia 09 de dezembro ocorrerá o julgamento do acusado de tirar a vida do cabo da Polícia Militar do Piauí, Daniel Marcos Ferreira da Silva. O fato ocorreu em 2017 e gerou uma onda de indignação em Picos e região uma vez que o cabo era muito conhecido. Além de policial, ele atuou em vários setores, trabalhando como comerciante e possuindo formação em Educação Física. Destaca-se a ligação dele com a família.

Conheça a biografia do cabo Daniel, texto redigido pela sua filha, médica Tamirys Coelho.

Daniel em um dos muitos momentos de descontração com a família. Foto: arquivo da família

Biografia

No dia 21/02/1969, na cidade de Crato – CE nasceu Daniel Marcos Ferreira da Silva, filho de José João da Silva (Zé dos Carimbos) e Maria Marluce Ferreira. Aos cinco anos de idade, mudou-se para Araripina-PE com seus pais. Na sua infância estudou na escola Luiz Gonzaga Duarte – CERU e continuou residindo em Araripina até a juventude.

 Em 12/01/88 casou-se com Migueliza Leocádia Coelho, dessa união nasceram Tamirys Cristine Coelho e Silva e Taynne Cristyne Coelho e Silva. Nesse período trabalhou como locutor na rádio Arari FM e junto com sua esposa foram proprietários de uma funerária, além de terem trabalhado também com “disk mensagem”. Sempre tentando diversificar a fonte de renda para que pudessem dar o melhor as duas filhas.

Foto: arquivo da família

 Em 1989 passou a servir o exército em Petrolina-PE. Já em 1993 ingressou na Polícia Militar do Piauí, onde trabalhou em diversas cidades (Picos, Oeiras, Paulistana, Jaicós, São Raimundo Nonato, Uruçuí, Santa Cruz do Piauí, Pio IV, Simões e Paquetá), sempre se destacando e fazendo o melhor trabalho.

  No ano de 2004, após conquistar o sonho da casa própria, mudou-se com sua família para Picos-PI, onde foram surpreendidos, no dia da chegada, com uma enchente devastadora, onde perderam praticamente todos os bens materiais e um animal de estimação. Mas tudo isso não o abateu, continuou lutando e com a ajuda de Deus conseguiu organizar a casa novamente.

Como sempre foi, para complementar sua renda familiar, nas suas horas de folga trabalhou como segurança particular de viagens e festas. Foi também proprietário de “trailer” que vendia sorvete expresso no centro de Picos-PI, em frente ao Banco do Brasil e outro na praça do Hospital Regional, onde se revezava horário de trabalho com sua esposa e suas filhas. Infelizmente, um desses trailer, foi destruído por um incêndio. Pouco tempo depois vendeu o trailer restante e montou o “Tempero da Vovó” que funcionou vendendo lanches em frente ao Hospital Regional até a sua inesperada morte.

 No período de trabalho na cidade de Paulistana estudou no CEJA e algum tempo depois, estimulado por sua esposa e filhas, prestou vestibular através da prova do ENEM e foi aprovado para o curso de Educação Física pela UESPI de Picos. A alegria da tão sonhada formatura chegou em 2016.

O que mais Daniel prezava na vida era a família, fazia questão de estar presente (sempre que possível) em todas as ocasiões especiais. Tudo era motivo para comemorar e festejar. Sempre se dedicou ao máximo para proporcionar o melhor que podia para a família. Adorava jogar bola, o time de coração era o Vasco da Gama. Sempre muito alegre e brincalhão, não existia tristeza e mau humor onde ele estava presente. Para fazê-lo mais feliz ainda, ganhou dois netinhos: Daniel Marcos Ferreira da Silva Neto e Débora Acsa Silva. Esses netos eram o xodó do avô. Sempre estava presente e mimava-os de todas as formas.

Daniel sempre foi muito generoso, alegre e brincalhão, não media esforços para ajudar a família e os amigos. Partiu de forma inesperada e violenta, em seu trabalho foi assassinado de maneira brutal. Perdeu a vida defendendo a sociedade. É um grande exemplo de pessoa do bem. Teve muito sonhos interrompidos…

Hoje Daniel tem 4 netinhos, duas delas (gêmeas) que nem teve o prazer de conhecer (Maria Luiza e Ana Luiza), uma filha professora e uma médica (que ele lutou tanto para formar) e uma família que ainda está despedaçada com sua partida e inconformada com todos momentos de alegria que foram arrancados de nós. Hoje nos resta as boas lembranças, a saudade, a certeza de que ele está bem e a força para lutar e clamar por Justiça… Dia 09/12/21, quatro anos e sete meses depois desse assassinato brutal, ocorrerá o julgamento do réu confesso… Confiamos em Deus e na justiça!