A cidade de Picos completa neste sábado, 12 de dezembro, 130 anos de emancipação política. Como tudo nesse ano foi diferente, a data passará sem uma grande festa. Mas em momentos como esse sempre vale a reflexão: há o que comemorar? Elevada a categoria de cidade pela Resolução n° 133, assinada pelo então governador do Piauí, o Barão de Uruçuí, em 1890, é certo que a urbe alcançou muito nessas 13 décadas, com uma movimentação populacional atípica e a força da iniciativa privada. Contudo, sempre se deve refletir sobre o que falta para que a cidade seja mais aprazível e inclusiva.
A origem da cidade como povoado é mais antiga, e remonta ao final do século XVIII. Foi, contudo, a partir do século XIX que a povoação começou a se constituir ao redor da Igrejinha do Sagrado Coração de Jesus, inicialmente chamada de Igreja de São José de Botas, nas proximidades do rio Guaribas, com o qual todos têm forte ligação simbólica. Ela começou a ser erguida em 1827 e foi concluída em 1830. Felizmente, continua de pé.
Desde a sua origem, o povoado se constituiu como um entroncamento, onde pessoas de várias regiões se reuniam para negociar, e assim continua até hoje. O famoso memorialista Renato Duarte descreve que a concentração populacional na Picos dos anos 1950 era intensa, pois pessoas de vários povoados e municípios acorriam para a cidade para comerciar.
Mesmo depois de tantos anos e muitas emancipações de cidades vizinhas, a característica da intensa movimentação populacional permanece.
A Picos do século XXI é um polo educacional, com grandes instituições de ensino superior: Universidade Federal (UFPI), Universidade Estadual (UESPI). Faculdade R.Sá e IFPI, elevando a formação profissional e acadêmica da população a níveis admiráveis. O comércio permanece como um aglutinador e empregador e se percebe um tímido nascimento de pequenas indústrias, um dos tripés fundamentais da economia.
Destaca-se a chegada de grandes empresas nos últimos anos, concessionárias de veículos, farmácias, supermercados, cinemas, shoppings, o que nos permite perceber que as coisas estão melhorando, pois em tese há mais empregos e as pessoas podem gastar mais, sem esquecermos as empresas originárias daqui que se expandiram.
Mas e o que falta?
Picos carece de formas sadias de lazer, mais inclusivas, em que toda a população possa participar e viver. As praças melhoraram, mas não temos um grande parque florestal para que as famílias possam se reunir, as políticas voltadas para a cultura ainda são tímidas e incipientes, as pessoas interessadas em promover o teatro não tem a devida valorização.
Muitas ruas ainda não tem saneamento básico, a coleta de lixo é irregular e tantos não contribuem despejando material descartável em vias públicas.
Encerramos essa reflexão sobre os 130 anos de Picos lembrando que o crescimento da cidade não depende apenas do poder público, mas de cada cidadão que aqui reside ou trabalha.