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Prédio abandonado da educação passa a ser chamado de “Nova Cracolândia de Picos” por usuários de drogas

Prédio abandonado da GRE passa a ser usado por usuários de drogas. Foto: Jailson Dias

“Eu vou ali na Nova Cracolândia de Picos”, foi a frase que um morador da Rua Monsenhor Hipólito ouviu há poucos dias de pessoas que se referiam ao prédio onde um dia funcionou a escola Justino Luz e a 9° Gerência Regional de Educação (GRE). Abandonado pelo Governo do Estado, o local totalmente depredado tem sido utilizado como abrigo para o consumo de substâncias ilícitas, o que tem levado os moradores das imediações ao pânico.

Nossa equipe esteve lá na noite desta terça-feira (23) a pedido de algumas pessoas que residem na Rua Monsenhor Hipólito. Elas relataram a situação de medo, o que os tem impedido de sentar nas calçadas de suas residências, como sempre faziam, além de entrarem em casa correndo, por temerem se tornar vítimas da violência.

A situação de abandono do prédio que sediou a 9° Gerência Regional de Educação por mais de 20 anos, não é recente. Ele foi fechado pelo Governo do Estado no início de 2015 sob alegação de que precisava ser reestruturado. Essa reforma jamais aconteceu, e o local passou a ser depredado ao longo do tempo, até o portão foi retirado. Desde então vem sendo usado livremente por usuários de drogas, que encontraram ali um refúgio e até já denominaram o lugar de “Nova Cracolândia de Picos”, o que revela um agravamento da situação.

Os moradores, que pediram para não ser identificados por questões de segurança, informaram que a movimentação de pessoas é intensa nas dependências da antiga sede da GRE, muita gente entrado e saindo livremente ao longo de toda a noite.

Ao lado do prédio abandonado fica a Unidade Escolar Coelho Rodrigues e por trás, na Rua Marcos Parente, a Unidade Escolar Ozildo Albano. Como nesse período não está havendo aula por causa da pandemia do novo coronavírus, os vigias dessas escolas é que passam a correr o maior perigo.

A Rua Monsenhor Hipólito fica deserta à noite

Moradora

Enquanto fotografávamos o lugar, uma pessoa nos abordou para pedir dinheiro. Tratava-se de uma mulher que se identificou com o nome de Ana Maria da Silva. Ela afirmou vive nas dependências da GRE com o seu marido e que ambos são de Araripina – PE, mas não soube dizer há quanto tempo está em Picos. Mantendo uma distância segura, como orientam as autoridades sanitárias em decorrência do coronavírus, conversamos um pouco com ela.

Ana Maria, como disse se chamar, aparentava realmente viver em situação de rua e sofrer transtornos mentais. Ela não soube precisar a sua idade, acreditando ter aproximadamente 36 anos, embora aparentasse ter bem mais. Segundo Ana Maria, apenas ela e o marido vivem na antiga sede da GRE, mas informou que costuma receber os “amigos”. Questionamos se ela está vivendo dentro do prédio. Ana Maria respondeu apontando para o terreno baldio repleto de mato onde afirma residir.

A moradora do prédio abandonado da GRE

Quando perguntada sobre consumo de drogas naquele local, Ana Maria negou que isso aconteça, contudo, confirmou que faz uso de bebidas alcoólicas. Nos despedimos e ela voltou para a antiga sede da GRE.

Sem previsão

Atualmente a gerência de educação está funcionando na sede da Escola Normal Oficial de Picos (ENOP), na Rua São Sebastião. Várias matérias já foram produzidas pela imprensa local sobre essa situação. Algumas datas chegaram a ser anunciadas para a reforma do prédio abandonado, mas isso jamais aconteceu e não há informações de que vá acontecer em breve.

Os moradores pedem que o Governo do Estado tome providências com urgência, e enquanto isso não acontece a antiga sede de escolas e da administração da educação estadual de mais de 20 municípios da região, passa a ser conhecida pela desonrosa denominação de “Nova Cracolândia de Picos”.