Por Brenda Rodrigues
Estagiária/R.Sá
O 7 de março de 1958 foi estabelecido como dia oficial do Paleontólogo, pois foi nesta data que se originou a fundação da Sociedade Brasileira de Paleontologia. E a data, é claro, também é comemorada em Picos.
Há 380 milhões de anos a cidade de Picos foi coberta por um mar raso. Dentro desse mar foram encontrados animais de corpo mole e foi através dessa descoberta que os pesquisadores do Laboratório de Paleontologia de Picos, da Universidade Federal do Piauí (UFPI começaram seus estudos aprofundados sobre como o assunto poderia ser útil para a cidade.
“Há 11 anos estou em Picos e tenho me dedicado a decifrar o passado da região com base no patrimônio Paleontológico local. Inclusive com descobertas inéditas como o primeiro ovo amniótico da Bacia do Araripe, encontrado em Simões, e um novo gênero e nova espécie de camarão (Somalis piauiensis) também da bacia do Araripe, encontrado em Caldeirão Grande do Piauí. Além dessas descobertas, encontramos fósseis bem interessantes em Picos, incluindo um fóssil que só havia sido encontrado na Estônia e agora em Picos, também”, diz Professor Dr. Paulo Victor de Oliveira.
Em comemoração a data o Campus Senador Helvídio Nunes de Barros (Universidade Federal do Piauí) juntamente com o Laboratório de Paleontologia de Picos, promovem eventos de extensão onde acontecem palestras sobre a importância dos fósseis. Infelizmente, neste ano não serão realizados.
“O trabalho do(a) paleontólogo (a) consiste nas atividades de campo, onde nos deslocamos até os locais onde os fósseis são encontrados, para coleta desses fósseis, que são embalados cuidadosamente e transportados até o laboratório que geralmente fica na universidade. Em laboratório esses fósseis são cuidadosamente limpos e preparados para o estudo que pode ser sobre sua forma, anatomia, morfometria, taxonomia (identificação), etc. Os resultados desse trabalho são publicados como artigos científicos em revistas científicas aqui no Brasil e no exterior”, afirma Dr. Paulo Victor.
Além dos estudos apresentados na Universidade Federal de Picos, pode ser encontrado vestígios de fosséis que podem ser encontrados no museu Ozildo Albano. Mas ainda mesmo havendo vários esforços para que o assunto seja tratado como importante, continua sendo um pouco ingessado.
“É um assunto que precisa ser discutido não apenas em sala de aula mas também junto a população e aos nossos governantes. O patrimônio fossilífero brasileiro é negligenciado. Não dispomos de uma legislação específica para a proteção dos fósseis, o que tem contribuído para o tráfico, a destruição dos locais onde eles ocorrem e a perca dos fósseis. Aqui em Picos isso é bem evidente devido a expansão urbana descontrolada, desorganizada e irresponsável que a cidade vem tendo ao longo dos anos. Precisamos de incentivo financeiro que possa custear ações de pesquisa e extensão. A parte de ensino temos feito. A pesquisa também é feita mas de forma tímida e demorada, pela falta de infraestrutura adequada, por exemplo. E a extensão, temos feito na medida do possível, mas também de forma esporádica”, ressaltou o Dr. Paulo Victor de Oliveira.
O livro “Mar de Picos”, escrito pelo Prof. Dr. Paulo Victor de Oliveira, biólogo e paleontólogo do CSHNB/UFPI e Joceane Layane Rodrigues de Moura, egressa do curso de Biologia do CSHNB/UFPI é um estudo acessível sobre os fosséis encontrados na região de Picos, ajudando ainda mais na compreensão do assunto.