Há quem diga que uma pessoa passa mais tempo com o celular ao seu lado do que com parceiro. Sem dúvidas o smartphone virou uma extensão do homem e, a cada dia que passa, fica mais difícil imaginar como seria a sociedade sem o dispositivo. Nos últimos tempos, tem sido muito comum ouvir alguém comentando que teve o celular hackeado. Isso acontece devido à certas distrações dos usuários que deixam o celular vulnerável à invasões porcibercriminosos.
Nunca foi tão discutido sobre a segurança do celular e dos aplicativos criados para ele. Diferente da vida real nas grandes cidades, onde câmeras, alarmes, muros e cercas são usados como proteção, no universo digital para proteger informações e manter a privacidade é preciso certas ferramentas.
O escritor, pesquisador e especialista em segurança da informação, Daniel Romero, disse que para falar em segurança na internet é necessário primeiro refletir sobre privacidade.
“Como o autor Bruce Schneier fala em “Data and Goliath” a invasão de privacidade por parte de empresas como Facebook, Apple, Microsoft e Google, acontece simplesmente com a coleta de dados graças à superexposição das pessoas nas redes sociais. Hoje andamos com um aparelho no bolso capaz de colher informações de gastos, monitorar com quem falamos, acompanhar cada movimento que fazemos, rastrear todos os locais por onde passamos, conhecer todos os sites que navegamos e até mensagens que trocamos, às vezes serve para chamadas telefônicas”, conta.
Romero explica que nas maiorias das vezes dados pessoais são fornecidos com consentimento. Isso porque, segundo o pesquisador, os usuários aceitam os chamados termos de uso e a política de privacidade (textos enormes sobre as condições de serviço do aplicativo) sem lê-los.
“Todos esses dados coletados quase sempre são fornecidos com o nosso consentimento, toda vez que aceitamos os termos de uso (aquele textão que ninguém lê) de algum aplicativo instalado”, comenta.
Os termos de uso do Facebook e do Instagram , por exemplo, determina a coleta de informações como tipo de conteúdo visualizado ou com o qual o usuário se envolve; os recursos, ações, pessoas ou contas com as quais interage, além do tempo, frequência e duração das atividades nestas redes ou em outros produtos relacionados. Tudo é permitido pelo usuário por meio do regulamento do uso, na hora de criar uma conta na rede social.
Para Daniel Romero, os perigos de dados “roubados” por desconhecidos com a finalidade de aplicar golpes são apenas mais uma preocupação.
“Acredito que o perigo maior é a nossa necessidade de exposição na internet, uma vez que nossos dados já estão espalhados na rede, o único trabalho do golpista é reunir essas informações. Aumentar a segurança seja do celular ou do computador começa com um pequeno exercício de se expor menos na internet e ler antes de clicar”, finaliza.
Aplicativos divertidos podem conter riscos
A pergunta que não quis calar nessa semana foi: O FaceApp pode roubar dados? O fato é que o aplicativo divertido que transforma a versão do gênero oposto das pessoas, que se tornou viral na última semana sendo usado por diversos famosos, pode conter risco à privacidade.
O app está disponível gratuitamente nas lojas virtuais da Apple Store e Android. Apesar de não ser um item malicioso, ao fazer o download, o usuário “concorda” em disponibilizar muito mais que a foto transfigurada. Com os termos de uso permitidos, dados pessoais dos indivíduos poderão ser utilizá-los em benefício dos interesses de grandes empresas. Além disso, pelo fato da tecnologia de reconhecimento facial está em alta que permite as edições na face ser uma ferramenta usada principalmente para a autenticação de senhas, o usuário deve ter bastante cuidado ao compartilhar sua imagem com terceiros.
A aplicação segue um modus operandi bem comum das demais. Em semelhança ao FaceApp estão Quiz e Testes de Personalidades – que por sua vez são mais visto no Facebook e precedidos das perguntas: “Qual reação do Facebook você seria? Qual Joguinho do Facebook Mais Combina Com Você?”.
Por: Jorge Machado, do Jornal O Dia