Por onde passou, a cantora Rita Lee deixou um rastro de rebeldia, de lição de vida e homenagens. Em 2009, ao participar do Piauí Pop, a cantora fez um show inesquecível, cantou hits históricos, criticou alagamentos e fez uma homenagem a Teresina e Michael Jackson. “Teresina do Piauí, eu não quero mais sair daqui”, falou a rainha do rock, declarando sua felicidade em tocar no Piauí Pop. E ela improvisou a frase no meio de uma de suas canções mais famosas: Ovelha Negra, um dos muitos hits tocados durante o show.
No dia que o mundo dá adeus a rainha do rock, o Cidadeverde.com relembra trechos do show que realizou no maior festival de arte, música e cultura. No Piauí, Rita fez de tudo no palco. Entrou homenageando Michael Jackson com um chapéu e luva e até ensaiou o “moonwalk”. Tocou cowbell, violão, corneta, triângulo, theremin (insturmento que usa colunas de ar). Se fantasiou de Eva Venenosa, criticou a política, mostrou orgulhosa a camisa do seu time, o Corinthians. E mostrou porque é considerada a rainha do rock.
Rita Lee morreu aos 75 anos em casa, em São Paulo. O velório, aberto ao público, será nesta quarta-feira, das 10h às 17h, no Planetário, no Parque do Ibirapuera.
Quem foi Rita Lee
Rita Lee Jones de Carvalho era capricorniana (signos lhe valiam mais do que religião) de 31 de dezembro de 1947. Cantora, compositora, atriz e mais tardiamente escritora, ela tinha ascendência norte-americana e italiana.
A chamada “Rainha do Rock” chegou a vender algo como 55 milhões de discos, ficando atrás apenas de Tonico & Tinoco, Roberto Carlos e Nelson Gonçalves. Sua transmutação artística, nada arquitetada, foi um dos movimentos mais bem sucedidos de seu meio. Surgida na psicodelia tropicalista ao lado dos Mutantes (1966-1972), de Sergio Dias e Arnaldo Baptista, Rita migrou para um rock and roll mais ortodoxo no passo seguinte, ao lado do grupo Tutti Frutti (1973-1978), para, em seguida, partir para um som mais radiofônico, pop e latinizado com Roberto de Carvalho. Com isso, abriu três frentes distintas e poderosas de público, não necessariamente complementares. Há os fãs da Rita seminal dos Mutantes, os fãs da Rita rock raiz e os fãs da Rita de Roberto. E há os fãs de todas as Ritas.
A Rita persona extra artística também ganhou respeito e admiração por sua coerência entre o que cantava, o que dizia e o que fazia. Outsider por força da doença nos últimos anos, mas também por uma postura muito anterior a ela, antimídia, cedendo entrevistas apenas por e-mail e avessa a exposições descabidas, trazia nas canções seu pensamento ácido, crítico, inconformado e sagaz. Para saber o que ela pensava, no amor e fora dele, basta ouvir canções como Ovelha Negra, Mania de Você, Lança Perfume, Agora Só Falta Você, Baila Comigo, Banho de Espuma, Desculpe o Auê, Amor e Sexo, Reza, Menino Bonito, Flagra ou Doce Vampiro, entre muitas outras que se tornaram temas de novela, comerciais e hits de rádio FM.
Da Redação (com informações do Estadão Conteúdo)
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