Neste mês a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) está trabalhando a campanha “Março Verde”, cujo objetivo é alertar a população para os riscos à saúde provocados pela obesidade. O médico endocrinologista Leonardo Maia informou que o número de pessoas com sobrepeso cresce constantemente. Atualmente, mais de 50% da população do Brasil tem obesidade ou sobrepeso por erro alimentar. O médico alerta para os inúmeros problemas de saúde que podem surgir em uma pessoa quando ela está acima do peso e sobre as formas de combater esse problema.
“A obesidade vai levar ao aumento da pressão; ao aumento da glicemia, levando a diabetes; ao aumento do colesterol, levando a dislipidemia, que vai entupir as artérias do coração e do cérebro, levando a um infarto e a um AVC; então, são esses problemas que chamamos de síndrome metabólica, que tem como base de tudo a obesidade, principalmente a obesidade abdominal, que complica mais a saúde das pessoas”, explicou o médico.
Sobre o erro alimentar, o médico Leonardo Maia informa que a população passou a ter acesso a alimentos ultraprocessados e ricos em carboidratos – mais baratos. “As pessoas passaram a ter acesso a mais alimentos, e isso é uma coisa boa, mas a qualidade da alimentação não está sendo muito adequada”, comentou.
Na atualidade, o médico explica que não existe mais uma faixa etária mais atingida pela obesidade. Muitas crianças também estão ficando obesas, surgindo inclusive casos de diabetes. Ele recomenda que as pessoas entendam a alimentação como algo que requer muito cuidado no que diz respeito a quantidade dos alimentos.
O médico Leonardo Maia recomenda que as pessoas dosem os alimentos que vão levar ao prato para que a alimentação seja equilibrada. “No prato tem de ter uma porção carboidrato, sim; mas só uma porção; uma porção de proteína, mas só uma porção”, comentou.
Exercícios
Apesar de percebemos mais pessoas praticando exercícios físicos, o endocrinologista afirma que a parcela da população que se exercita, ainda é pequena, não chegando a 1%. Ele destaca que o poder público deveria proporcionar mais lugares para as pessoas se exercitarem. “Muitas pessoas preferem uma atividade ao ar livre, e aí vem um problema: Picos já tem 80 mil habitantes, mas não tem um parque ambiental onde você possa fazer uma atividade física”, comentou.
Dentre os poucos pontos onde as pessoas podem fazer atividades ao ar livre em Picos: as avenidas Severo Eulálio e Beira Rio, oferecem riscos à população devido o trânsito intenso de automóveis e motocicletas. Um diferencial salientado pelo médico foi o surgimento das academias de saúde.
Tratamento
O médico Leonardo Maia explica que antes de tudo, a pessoa que sofre com a obesidade precisa se conscientizar do problema e, em seguida, procurar uma equipe multiprofissional, formada por endocrinologista, nutricionista e profissional de educação física.
“A obesidade, às vezes, é um problema a mais, e é preciso detectar isso e saber que problema é esse para saber tratar. Não gosto de iniciar um tratamento com medicação, mas muitas vezes é necessário”, comentou.
Cirurgia bariátrica
Muitas pessoas têm recorrido a cirurgias bariátricas, que consiste na redução do tamanho do estômago e na alteração o intestino para haver desabsorção. O Dr. Leonardo informa que esse recurso é utilizado por pessoas que estão muito a cima do peso, contudo, a cirurgia não é válida para todos pacientes.
O médico salienta que a alimentação para muitas pessoas é uma fonte de prazer. Ao se submeter a uma cirurgia bariátrica o paciente acaba substituindo o hábito de se alimentar em excesso por outras fontes de prazer. “É por isso que antes da pessoa se submeter a uma cirurgia bariátrica, o paciente tem de fazer uma avaliação psicológica rigorosa, porque muitas vezes ao invés de melhorar, a cirurgia causas problemas. Muita gente teve alcoolismo, depressão, após a cirurgia bariátrica”, alertou o médico.
Pequenos mudanças
O Dr. Leonardo Maia explica que no momento em que a pessoa se conscientiza da necessidade de tratar a obesidade, ela pode adotar pequenas mudanças nos hábitos do dia a dia: começar uma caminhada; retirar determinados alimentos aos poucos; alimentar-se antes de fazer a feira. “Não faça compras com fome, porque quando você está com fome compra muitos alimentos que não devia ter adquirido”, explicou.
O médico orienta as pessoas a não terem alimentos prontos em casa, tipo biscoitos, bolachas, bolo, chocolates, pois assim será mais fácil resistir às tentações. “Costumo dizer aos meus pacientes: a melhor coisa a se fazer é comer apenas o prato feito. São pequenas coisas que trazem uma grande mudança”, ressaltou.
