DestaquesSaúde

Municípios do Piauí preveem colapso completo do sistema de saúde

Boa parte dos municípios piauienses prevê um completo colapso no sistema de saúde nas próximas semanas, em razão das condições para o enfrentamento ao coronavírus. O temor cresceu ainda mais desde ontem, após a aprovação pelo Senado do pacote de R$ 120 bilhões de ajuda para estados e municípios. Os prefeitos reclamam da distribuição que não atendem às necessidades e, pior, penalizaria de modo muito particular os municípios de médio e grande porte – e que deve comprometer seriamente os serviços de saúde em Teresina.

Ainda ontem, o prefeito Firmino Filho procurou se articular com diversos senadores e deputados, mostrando o impacto do pacote na forma como foi aprovado. Para Firmino, Teresina está sendo obrigada a assumir um ônus que não tem como responder e, assim, admite que a capital não terá condições de atender a pacientes que não sejam da própria cidade. O problema é que Teresina é a base da atenção de média e alta complexidade no Piauí. Por isso mesmo a saúde consome mais de R$ 1,2 bilhão do orçamento municipal (mais que o total do Estado, que desembolsa cerca de R$ 1,1 bilhão).

O prefeito de Bom Jesus, Marcos Elvas, ecoa as preocupações dos gestores municipais ao acentuar a gravidade da situação. “Dessa forma os municípios não suportarão as suas responsabilidades. Alguns entrarão em colapso agora, outros um pouco mais à frente”, prevê, mostrando preocupação com a rede de hospitais regionais, “com estrutura mínima para o momento”. Ele também acha muito preocupante a situação de Teresina: sem hospitais preparados no interior, afirma, “é nela onde escapamos ou morremos, de Cristalândia a Cajueiro da raia”.

Um movimento entre os prefeitos vai levar ao governo do Estado a solicitação de cuidados especiais com a rede de hospitais regionais e atenção especial com a situação de Teresina.

Pacote destina maior fatia para estados

O pacote aprovado ontem pelo Senado vai destinar R$ 120 bilhões para estados e municípios. Mas os valores do pacote geram críticas, sobretudo entre prefeitos. Desse valor, R$ 60 bilhões são referentes a renegociação de dívidas (dinheiro que não entra no caixa) e a outra metade é de repasse direto – sendo R$ 50 bi para uso livre e R$ 10 bi para a saúde. E aí vem a reclamação dos municípios: pelo menos 60% do repasse direto vai para estados. Em alguns casos, a situação é pior: dos R$ 10 bilhões que devem ter aplicação exclusivamente na saúde, R$ 7 bi vão para os governadores e só R$ 3 bi para os prefeitos.

Os governadores queriam mais recursos e também uma melhor distribuição entre estados. Mas no comparativo com os municípios, ficaram em situação bem melhor. O pacote votado no Senado passou por diversas mudanças antes de ser aprovado em sessão virtual no sábado. Agora vai para a Câmara, onde deve ser votado na segunda-feira, também em sessão virtual. Lideranças de estados e municípios avaliam a possibilidade de novas alterações no texto.

Fonte: cidadeverde.com