Picos é uma cidade com muitos “elefantes brancos”, ou seja, obras inacabadas, mas talvez nenhuma cause tanta lamentação por parte da população da cidade e da região quanto a que deveria ser o novo Hospital Regional. Sediado às margens da Br 316, ao lado da antiga Policlínica, no bairro Paraibinha, o prédio, cujo valor inicial estava orçado em R$ 51 milhões, continua com as obras paralisadas e sem prazo para conclusão.
Os 260 leitos de enfermaria e os 24 leitos de UTI adulto do novo hospital seriam de extrema necessidade em qualquer época, mas essa ausência ganha contornos mais dramáticos nesse momento de ameaça do novo coronavírus.
A planta do prédio previa ainda: central de processamento de resíduos, quatro salas de parto normal, auditório com 150 lugares, refeitório, biblioteca (até isso) e toda a estrutura de um hospital-escola. Este seria de extrema necessidade tendo em vista os acadêmicos de medicina da UFPI de Picos.
Nossa equipe esteve no local, onde deveria existir o hospital, na manhã desta segunda-feira (20) e registrou a situação do lugar. Além das gigantescas armações de ferro, tudo o que pode ser notado é muito mato e lama ao redor da obra.
Em dezembro de 2019 o Superintendente de Assistência à Saúde da Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi), Alderico Tavares, visitou a obra para constatar como estava a estrutura. A vistoria aconteceu após a liberação da continuidade da mesma pelo juiz Aderson Antônio Brito Nogueira, Juiz de Direito da 1° Vara dos Feitos da Fazenda Pública. O magistrado proferiu decisão que garantia a liberação dos trabalhos.
Até aquele momento as obras estavam paralisadas desde 2016 quando a empresa que executava a construção do hospital entrou com uma ação na justiça cobrando R$ 8 milhões de indenização do Governo do Estado que, por sua vez, ofereceria R$ 400 mil. Isso resultou em um impasse.
Após a decisão do juiz e a visita dos representantes da Sesapi no final de 2019, parecia que a obra iria andar, mas, mais um vez ficou apenas na aparência. O novo hospital permanece apenas nas estruturas de ferro, como mais um “elefante branco” do poder público.