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Você sabe o que é capacitismo? Confira a reportagem do estudante de jornalismo Messias Santos sobre o tema

Você conhece o termo capacitismo? Mesmo sem ter a intenção, as pessoas acabam sendo capacitistas ao tratar com alguém que tem alguma deficiência. O estudante de jornalismo da Uespi de Picos, Messias Santos, fez uma reportagem sobre a expressão. Confira!

O texto também pode ser encontrado no site do Messias Santos: https://manoelmessiasmessi.wixsite.com/

FALANDO DO CAPACITISMO

Por Messias Santos

Entenda como ocorre, o Capacitismo, a discriminação estrutural praticada contra as pessoas com deficiência.

De acordo com dados do IBGE, disponíveis em GOV.BR (em 2021), cerca de 45 milhões de brasileiros, 24% da população, tem algum tipo de deficiência.  E ao contrário do que muitos pensam o fato de serem pessoas com deficiência não faz delas doentes, incapazes ou coitadinhas. Se ao olhar um cadeirante, ou qualquer outra pessoa com deficiência, e automaticamente você não conseguir enxergar ali uma pessoa normal, mas unicamente um coitadinho ou qualquer coisa desse tipo, saiba que você esta sendo um CA-PA-CI-TIS-TA.

CAPACITISTA, mas o que é isso? Capacitismo é o nome dado a todo tipo de discriminação praticada contra pessoas com deficiência.  Muitas vezes essa discriminação vem de forma mascarada ou ate sem a intenção. Se você nunca falou, mas já deve ter ouvido alguém falar, para uma pessoa com deficiência que ele é um exemplo de superação, unicamente por estudar, trabalhar, ou por enfrentar a falta de assistência e acessibilidade por parte da sociedade e do setor público, saiba que este tipo de comentário é mais um exemplo de capacitismo.

Para falar um pouco mais sobre o assunto, convidamos a Fatine Oliveira, cadeirante com distrofia muscular e Pesquisadora sobre gênero e deficiência, mestre em Comunicação Social (UFMG), publicitária, designer e ativista. Administradora do blog Disbuga, com conta também no Instagram onde ela fala desse e demais assuntos relacionados à inclusão. Aqui e agora, ira nos explicar um pouco sobre o conceito, Capacitismo.

Fatine Oliveira: O capacitismo é o nome dado a todo tipo de preconceito e opressão que é voltado às pessoas com deficiência. O nome capacitismo vem de capacidade, ou seja, a ideia de que os sujeitos não são capazes de realizar essa ou outra atividade.

Fatine Oliveira

O termo foi trazido no Brasil pela autora Anahi Guedes de Mello, porém ele parte de um conceito que foi criado pela autora estadunidense Fiona Campbell em que ela estabelece que o capacitismo, ou no Inglês Ableism que vem da ideia de able, que  able no caso também se refere ao sujeito capaz. O Ableism é uma serie de crenças, de ideias que são e que estão presentes em nossa sociedade e que compõe essa noção que nós temos em que determinados corpos são saudáveis ou não.

Então o capacitismo, ele não está presente apenas naquela ofensa direta, mas muitas vezes ele se dá no nosso vocabulário, de forma usual. Muitas vezes pessoas realizam determinadas abordagens que não percebe que esta sendo capacitista, por esse motivo a gente costuma dizer que o capacitismo também é uma forma de opressão estrutural assim como o racismo, sexíssimo e a LGBT fobia.

Pois é, o Capacitismo assim como qualquer outro tipo de discriminação, se manifesta em todas as áreas da sociedade e de diversas formas. E para falar das suas principais formas de manifestação convidamos a Patrícia Lorete, ela que tem Atrofia Muscular Espinhal, é cadeirante e militante da causa PcD, Pessoas com Deficiência. Formada em Gestão de Recursos Humanos e Pós-graduada em Saúde Mental e Atenção Psicossocial, atua principalmente através de suas redes sociais, instagran e facebook no Janeladapatty.

Patricia Lorete: O capacitismo é estrutural, assim como, o racismo, o sexíssimo e o classicismo. Portanto, ele acontece de várias formas e em todos os lugares. Mesmo dentro de um centro de reabilitação ele pode acontecer.

No entanto, as principais formas são: achar que a pessoa com deficiência não consegue trabalhar (apenas 1% das pessoas com deficiência trabalham no Brasil), que não pode casar, ser pai ou mãe, acontece muito também a infantilização (tratar a pessoa com deficiência adulta como se ela fosse uma criança) e recorrentemente acontecem de perguntar em algo sobre nós, pessoas com deficiência, para quem está nos acompanhando. Como se fossemos invisíveis e incapazes de falarmos sobre nós e tomarmos decisões.

Esses tipos de capacitismo são mais fáceis de detectar e combater. Mas, existem formas de capacitismo mais sutis e como parecem elogios são mais difíceis de detectar e das pessoas entenderem o quanto isso é errado.

Essa forma de capacitismo vem geralmente em formas de frases, e as pessoas nem percebem que estão sendo capacitistas. Como exemplo, posso citar quando chamam como exemplo pessoas com deficiência de, exemplos de superação, guerreiros, quando compartilham nossas fotos fazendo coisas corriqueiras do dia a dia para motivar outras pessoas (Existe até um termo para isso: Pornô de inspiração).

É sutil, mas quando você chama alguém de exemplo de superação na verdade camufla-se muita violação de direito que quem tem deficiência sofre. Não tem que ser mais difícil para eu sair de casa do que para qualquer outra pessoa. Só usam o termo guerreiro, exemplo, etc, porque sabem de todas as dificuldades pelas quais passamos. Isso acaba motivando essas frases.

Muitas vezes quando vamos explicar que isso também pode ser capacitista as pessoas se ofendem porque não conseguem perceber o capacitismo estrutural.

Não há o que negar, o capacitismo é estrutural, haja vista nossas constituições anteriores, só a partir da nossa atual constituição que é 1988, as pessoas com deficiências passaram a ser enxergadas de forma mais igualitária, conseguindo assim alguns benefícios. Mas ainda assim o capacitismo se faz presente nela. Um exemplo disso é que ainda num passado bem próximo, uma pessoa com deficiência, perante a lei era tido como um incapaz de responder pelos seus atos, precisando de um tutor para praticamente tudo o que ela fosse fazer como casar por, exemplo.

Mas isso graças a DEUS vem mudando aos poucos.

Hoje até que se prove o contrário, uma pessoa com deficiência, é considerada pela lei totalmente capaz de tomar qualquer decisão para a sua vida e de responder pelos seus atos. O que já é uma conquista, mas não significa o fim da luta contra o capacitismo, ainda tem muito, o que lutar se conquistar. E um dos aliados nessa luta e a Lei Brasileira de Inclusão.

E quem vai falar um pouco sobre essa Lei é a Bacharelada em Direito pela Universidade Estácio de Sá, do Rio de Janeiro, Kelly Quitanilha.

Kelly Quitanilha: …então essa lei de inclusão da pessoa com deficiência é a lei 13.146 é uma lei que teve aplicabilidade em 6 de Julho 2015. É um conjunto, na verdade de dispositivos destinados a assegurar e promover a igualdade e as condições dessas pessoas que tem deficiência com as demais pessoas. O exercício do direito e a liberdade fundamental dessas pessoas com deficiência visando que a inclusão social.

Kelly Quitanilha

Muitas vezes a gente acaba verificando no nosso dia, a dia a falta de acessibilidade e essa falta de acessibilidade não atinge a mim não atinge de repente a você, mas atinge a uma pessoa que tenha essa deficiência, então o que acontece? O ordenamento jurídico ele mesmo, que às vezes falho, ele cria leis que dão acesso às pessoas no âmbito geral, na verdade, esta, escrito no nosso artigo, 5° da constituição somos todos iguais perante a lei e é isso que a lei vem tentando trazer é colocar as pessoas em pé de igualdade e muita das vezes essas pessoas precisam apenas de uma acessibilidade do próximo se colocar no seu lugar, enquanto as pessoas não se colocar no lugar do próximo não existe lei que vai ter a sua aplicabilidade de forma efetiva então além da lei ela existir as pessoas tem que entender e pratica-las né…

Para se falar verdadeiramente sobre o Capacitismo e tudo o que ele engloba, seria necessário um livro de no mínimo 100 capítulos, mas espero que com o pouco que aqui foi falado, nosso objetivo tenha sido alcançado, que em seu coração tenha ficado a mensagem que uma pessoa com deficiência é uma pessoa normal, como qualquer outro da sociedade, tendo os mesmo direitos e deveres.

O fato de ter uma deficiência não faz dessa pessoa um doente ou invalido. Por isso não os trate como se fossem de vidro que a qualquer momento pode quebrar. Mas também não os ignore como se eles não tivessem voz, trate-os não só com igualdade, mais acima de tudo com equidade, respeitando é claro, os limites e desejos de cada.

Fonte: https://manoelmessiasmessi.wixsite.com/-manoel-messias/post/entendendo-o-capacitismo