O termo “linha de frente”, agora, aparece com muita frequência quando se quer fazer referência aos profissionais da saúde que atuam em hospitais e comunidades para o enfrentamento a pandemia do novo coronavírus. Subtraído de conceitos de guerra, a expressão faz referência ao local onde os generais mandavam os seus melhores guerreiros em um conflito. Por isso, estar na “linha de frente”, significa permanecer no primeiro pelotão a encarar uma batalha que, agora, ganha um inimigo comum: o novo coronavírus. São os médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, técnicos e demais profissionais da saúde, os primeiros a se doarem para conter o avanço da pandemia que já infectou mais de 1,6 milhão de pessoas no mundo.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), por conta do cenário preocupante, constituiu um guia para orientar cuidados a saúde mental de diversos grupos, incluindo profissionais de saúde. Para esses trabalhadores, o estresse e a pressão de lidar com o dia-a-dia da rotina da busca por salvar vidas, acrescido do risco de adoecer, provocam severos problemas de saúde mental, podendo gerar graves problemas como ansiedade e depressão. Para lidar com este nível de pressão, muitas atitudes surgem dentro e fora dos centros de saúde no intuito de dar mais conforto emocional e ânimo aos que enfrentam o preocupante cenário em todo o mundo. Nesta reportagem, o Dia mostra iniciativas no Piauí que tem chegado aos profissionais de saúde no intuito contribuir para a saúde mental e, assim melhoria das suas condições de trabalho. Como canta Gal Costa, na canção “Cuidando de Longe”, para muita gente chegou a hora de mostrar ser possível “amar do seu canto”.
Hospital abre canal para que público envie cartas para equipe de saúde
Numa folha A4, um desenho infantil mostra um sol brilhante, um céu cheio de nuvens, a estrutura de um hospital e dois profissionais de saúde a postos à espera de atender a população. Na parte superior do desenho cheio de cores, o título: Vamos Salvar Vidas. O item faz parte de uma das muitas mensagens que começam a chegar ao Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (HEDA), em Parnaíba, Norte do Estado, através de uma campanha que estimula a população a enviar mensagens de carinho e encorajamento aos profissionais que mantém a unidade de saúde em pleno funcionamento. Em tempos de pandemia, o afeto também tem efeitos curativos.
“Lidamos diretamente com a vida e a morte, processos de perda e luto. Com o coronavírus além dessas preocupações somou-se o medo de contaminação, de levar o vírus para casa e contaminar os seus, a ansiedade do imprevisível do que possa acontecer. Começamos a fazer no hospital ações de escuta, acolhimento, relaxamento com os profissionais em horário de trabalho, mas sentimos a necessidade de mais, de trazer o incentivo da população para os trabalhadores”, explica Julianna Sampaio de
Araújo, psicóloga e coordenadora do setor de psicologia do HEDA. As mensagens arrecadadas servirão para montar murais pelo hospital, próximo aos pontos eletrônico e lugares de facial acesso e visualização. Julianna lembra que algumas mensagens recebidas são endereçadas e, assim, entregues diretamente para os profissionais. “O intuito é homenagear não só os profissionais de saúde, mas também dos setores de base do hospital. Todos que estão juntos para fazer o hospital funcionar da melhor forma possível nesse período. Então os homenageados são desde médicos a porteiros e maqueiros”, diz.
Julianna lembra que a psicologia inserida nos serviços de saúde tem como um de seus objetivos ser instrumento para a humanização das relações de cuidado em saúde. “Estamos todos sensibilizados vivendo uma série de negações, perdas, lutos. É por isso que manifestações de carinho virtuais como essas da nossa campanha são importantes. Os emails e desenhos recebidos tem o poder de mobilizar e afetar, emocionar, dar ânimo e força para encarar as adversidades”, finaliza.
Envie sua mensagem
As mensagens de carinho e incentivo podem ser enviadas para o email [email protected]. Todas as mensagens serão expostas para os profissionais possam ter momentos de reconhecimento e afeto durante as rotinas de plantão.
Por: Glenda Uchôa – Jornal O Dia