Nem toda data merece ser comemorada, mas nem por isso deve ser esquecida. Acontecimentos trágicos devem ser lembrados para que não se repitam. É o caso do 31 de março. Há exatos 57 anos, em 1964, o Brasil sofreu um golpe civil-militar que lançaria o país em uma ditadura que perduraria por 21 anos. Durante esse longo período, as liberdades individuais foram caçadas, pessoas desapareceram, foram torturadas e mortas. Parece algo distante para os mais jovens, mas e se tivesse acontecido com você ou um dos seus familiares?
A definição do golpe como civil-militar suscita muitos debates, mas hoje é consenso entre historiadores, jornalistas e estudiosos do período sobre a participação de setores da sociedade civil em parceria com os militares das Forças Armadas para a implantação do regime de exceção. O período histórico que vai de 1946 a 1964 foi de alta instabilidade política, com vária tentativas de golpes e contragolpes. O principal motivo? O medo do comunismo. Regime que jamais seria implantado no Brasil, que naquele tempo, já era uma nação plenamente capitalista.
Acreditando que o presidente João Goulart (1961-1964) era comunista, algo que ele nunca foi, setores da elite econômica, políticos e os militares deram o golpe em 31 de março, depondo o presidente e inaugurando a ditadura. Políticos como Carlos Lacerda queriam que os militares voltassem para os quartéis após a intervenção armada, contudo, eles decidiram que permaneceriam no poder por mais tempo. O próprio Carlos Larcerda teve seus direitos políticos cassados posteriormente, e jamais realizou o sonho de ser presidente do Brasil.
Foram cinco presidentes-ditadores: Marechal Castelo Branco (1964-1967), Marechal Costa e Silva (1967-1968), general Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), general Ernesto Geisel (1974-1979) e general João Batista de Oliveira Figueiredo (1979-1985).
O regime caiu devido a grave crise financeira, inflação descontrolada, elevado índice de desemprego, pobreza generalizada e pressão da sociedade civil. Infelizmente, devido a censura prévia, a população não tinha acesso às informações sobre os bastidores do regime. Nasceu aí a ilusão de que a ditadura foi um período marcado pela ausência de corrupção. Até hoje muitos acreditam nesse equivoco e não entendem que a liberdade de imprensa e de expressão é fundamental para que todos saibam dos problemas do país, podendo assim resolvê-los.
O que a história nos ensina é que não existe ditadura boa, e que é preciso valorizar a democracia, pois não é compatível ao ser humano abdicar da sua liberdade.