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1º Oscar brasileiro: “Ainda Estou Aqui” vence como melhor filme estrangeiro

Foto: Reuters/Folhapress

“Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, ganhou o Oscar de melhor filme internacional, na noite deste domingo (2). O resultado segue as expectativas do setor, que apostava na primeira vitória brasileira na categoria.

O longa superou os representantes da Dinamarca, “A Garota da Agulha”, da Alemanha, “A Semente do Fruto Sagrado”, da Letônia, “Flow”, e da França, “Emilia Pérez”, tido como favorito até a implosão de sua campanha, causada por polêmicas diversas mas, especialmente, pela descoberta de publicações de cunho racista e islamofóbico nas redes sociais de sua protagonista, Karla Sofía Gascón.

Também indicado às estatuetas de melhor filme e melhor atriz, com Fernanda Torres, “Ainda Estou Aqui” narra a história verídica de Eunice Paiva a partir do desaparecimento de seu marido, Rubens Paiva, nos anos 1970. O ex-deputado e engenheiro foi uma das vítimas da ditadura militar.

Esta foi a quinta tentativa do Brasil de vencer o Oscar de filme internacional, categoria anteriormente chamada de melhor filme em língua estrangeira. A última aconteceu com outro filme de Salles, “Central do Brasil”, protagonizado por Fernanda Montenegro, em 1999.

No ano anterior, “O Que É Isso, Companheiro?”, também com Torres no elenco, havia sido indicado e, antes dele, “O Quatrilho”, na cerimônia de 1996, e “O Pagador de Promessas”, na de 1963.

Baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, “Ainda Estou Aqui” acompanha a história de Eunice Paiva –papel de Torres–, uma mulher que lutou pelo reconhecimento da morte de seu marido, Rubens Paiva, durante o período da ditadura militar.

O filme é a produção nacional com a maior bilheteria desde a pandemia, tendo faturado mais de R$ 100 milhões do mundo todo e teve um público superior a 5 milhões de pessoas no Brasil.

Tínhamos de fazer esse filme ser visto’

“Inacreditável ter uma indicação com DNA brasileiro. Trabalhamos muito duro, não tínhamos um orçamento muito grande, mas tínhamos de fazer esse filme ser visto”, ela diz. “Sou muito agradecida a Eunice Paiva, a mulher incrível que eu interpreto.”, disse Fernanda Torres.

Torres completou dizendo que, caso algum cineasta faça um remake de “O Jovem Frankenstein” (1974), ela gostaria de ter um papel no projeto.

‘Acordei angustiada, mas agora estou ótima’

Em entrevista a Ana Furtado, para a transmissão do Oscar na TNT e no Max, Fernanda Torres diz que acordou angustiada, mas melhorou ao longo do dia e agora, às vésperas da cerimônia, se diz ótima. Ela concorreu a um dos principais prêmios da noite, o de melhor atriz, ao lado de favoritas como Demi Moore.

Walter Salles, que acompanhou Torres na entrevista, elogiou o legado de Eunice Paiva, a protagonista de “Ainda Estou Aqui”, interpretada por Torres. “Tentaram apagar a existência de Eunice, de Rubens Paiva, e através de uma criança, o Marcelo, filho deles, essa memória nunca mais vai ser apagada. O filme extrapolou a cultura e foi para a política, para o amor pelo Brasil pela própria cultura”, diz.

Ele completou: “Acho que é um filme muito amoroso, e isso é uma das qualidades que o Brasil tem. Nós somos um país afetuoso, e eu acho que a família Paiva, no filme que o Walter fez, isso toca as pessoas aqui, eles são tocados de uma maneira muito quente e calorosa. Estou muito feliz de estar aqui com uma família que representa a alma do país.”

Fonte: folhapress